29 fevereiro 2008

Até já, S.Tomé

Talvez não escreva muito mais sobre S. Tomé. Talvez fique muita coisa por dizer. Talvez muita coisa possa nunca se perceber. S. Tomé é Africa e não é Africa, pelo menos é o que dizem os mais viajados. A mim aqui chegou e tocou.








Vejo-me a viajar nas estradas esburacadas, enfeitadas de corpos esculturalmente reluzentes, negros espelho, do esforço, do trabalho, do calor, do tanto andar, vejo as cores e cores dos tecidos, das frutas, das tábuas das barracas coloridas, dos táxis amarelos, vejo os olhares ao meu encontro esteja onde estiver, dentro do carro, na caixa aberta da carrinha, na bicicleta, na mota, no passeio a seu lado, vejo a distancia e a proximidade, vejo a simplicidade e rudeza, vejo a alegria e a amargura, vejo o seu continuar quando a luz se vai, vejo como se dão e são dados pela natureza, como dela fazem parte com toda a certeza, vejo os sons que vem dos seus cânticos, vejo os risos despertos das crianças esfarrapadas, vejo como tudo se tornou tão natural, tão bonito, tão presente, tão para sempre. Vejo como a pobreza pode ser tão digna, como a tristeza pode ser tão nua, como a ajuda pode estar sempre longe, como a mudança pode ser difícil, como o injusto nos arrepia a pele, como o medo existe e persiste, como o socorro emerge. Despeço-me com um até já, como sempre, e é cá de dentro que ouço “também pertences aqui”.
Cheguei a Viana de noite, foram as luzes da cidade que me receberam, e o ar fresco tocou-me cá por dentro. Mais um regresso a sorrir, mais uma etapa conseguida, mais um pedaço de mim, mais um pedaço de lá.
E um abraço gigante e um mais gigante obrigada às pessoas que encontrei e conheci ai. Aquelas que me receberam com tudo, que confiaram mesmo antes de conhecer, que acreditaram, que me mostraram o que é estar e ser num outro espaço do mundo, que me levaram a conhecer o que eu só queria conhecer com elas, que me foram tão precisas, tão importantes, tão amigas, tão tudo, que me ouviram e me procuraram para ser ouvidas, que me fizeram ser precisa, precisar, viver, crescer, que me fizeram falta, que me fazem falta, que construíram comigo essa casa, a nossa casa, elas, vocês, sabem bem de quanto amor e orgulho se enche o meu coração só de pensar em cada um de vocês. Xi todo meu coração e até já.

3 comentários:

BárbaraS. disse...

Finalmente noticías da Rita...
:)
Gostei de conhecer-te
Sabe é sempre a pouco...
Boas continuações por outras paragens...
E muitos muitos beijos!
Pofe Pofe

Cristiana Ferreira disse...

tenho seguido estas tuas aventuras em silencio, porque dizes tudo o que há a dizer, e qualquer comentario meu seria apenas...mero adereço.
parabens por seres como és.
I'm proud of you...

beijo
cris**

Unknown disse...

Que lindas energias que existem aqui, thanks for sharing! bjo grde no teu coração maravilhoso rita, aparece sempre! ***