16 fevereiro 2008

Caminho para cima


Cheguei do sul numa quinta-feira, mesmo à horinha do semanal Happy Hour do Café e Companhia. A viagem para cima foi como mil viagens cá dentro. Vim no mini-bus do Pestana Resort, que todos os dias às 17:00h transporta os funcionários, que por turnos, fazem a sua pausa semanal. Neste dia eu era mesmo a única turista, por muito distraída que andasse. No porto de saída, ainda no ilhéu das rolas, uma embarcação esperava junto ao cais, assim como uma boa dezena de africanos e mais eu. Com todo o tempo do mundo aguardava algum sinal para embarcar ou alguém que mexesse o pé para arredar. Reparei que me olhavam, habitual, mas ninguém me dirigia a palavra e eu no apreciar e no estar, deixei-me assim estar, normal. Até que um senhor numa atitude impaciente atravessa o cais em passo marcado e vai falar com o recepcionista do Resort, e este, inanimado quase humilde, avança no meu sentido e pede-me para embarcar. Relativamente atrapalhada, ponho-me a andar e entro, e atrás de mim, volumosamente, entram as mais de 15 pessoas que esperavam. Esperavam por mim, pela branca, turista, que feita naba estava plantada no porto, tal como os outros, à espera de algum sinal, e afinal eu era o sinal. Minha nossa, que vergonha,…só me deu vontade de rir, e olhei-os nos olhos a pedir mil desculpas e a ver se me via na tal diferença, e eles também sabem que não a há, mas tive que ser mais uma vez a primeira a sair do barco e a primeira a entrar no autocarro. Em tom de gozo, apressada, a cumprir (só para não atrasar quem esperava), mas contrariada por ter de compactuar com aquele procedimento desigual. Cumprimentei o condutor e pedi-lhe se podia ir a seu lado. E foi assim que conheci o Sr. Carlos.


Apresentei-me e ele sorriu, e a partir dali tratou-me sempre por Rita. Todos os dias faz este percurso, duas horas e meia para baixo, duas horas e meia para cima, novamente para baixo, finalmente para cima. 6 da manha, 8 da noite. Instalei-me tipo na caravana, pus os pés fora da janela e preparei-me para viajar.
Fez-me a visita guiada de todo o percurso, de cada povoação, de cada plantação, do especial de cada roça, de cada destroço de habitação, e sempre a sorrir, com um orgulho doce em cada palavra desta sabedoria, e eu a reconhecer que ele me estava a dar o que de mais precioso e verdadeiro têm para oferecer. E perguntou-me sobre mim, sobre os sítios onde tinha estado, onde queria ir, e eu perguntei-lhe dele. E ele sorriu. Nunca tinha saído dali e já nem nos sonhos vi essa possibilidade. O que tinha era aquilo e ali, e passou-mo como o seu mais sagrado. Mas continuou a sorrir,.. doce, servente, sincero, entregue sorriso, e eu chorei por dentro de olhar tamanha tristeza em semelhante beleza.
Fui a última a sair, veio-me entregar mesmo na porta do spot mais social de S. Tomé. Parou autocarro e disse-me para ir pedir um copo, então entrei a correr no café, pousei a mochila num canto, pedi o copo, e voltei junto do Sr. Carlos para uma despedida com vinho de palma. Foi a primeira vez que provei e não gostei. Mas mais um sorriso encaixou no meu.

2 comentários:

micas coxa disse...

inda me hás-de dizer com kem andas...ui...ui...

Anónimo disse...

sra Rita...

visto k tas mt felix... fiko mt kontente... e esperu k esteja tudo pelo melhor (notaxe k sim....) :), so m resta dixer k aproveites ao maximo exa experienxia k tant krias....

bjao mt grande e parabens pela tua forxa