Cada vez é mais difícil fotografar. Nesta viagem a máquina pouca companhia me fez. Talvez pela sorte de encontrar tantas e boas companhias, talvez simplesmente pela imagem que se nega a registar. São imagens sem tempo e sem espaço para serem tiradas. Só pertencem ao aqui e agora, e para nós viajantes, que procuramos a cada momento aqui mais pertencer, não temos direito a tomá-las, e ao faze-lo cada vez mais nos distanciamos, cada vez menos percebemos, cada vez menos vivemos
Cada olhar mais profundo, cada gesto mais natural de rua (carregar a cabeça com volumosa carga, agachar para arranjar o bebe, parar a olhar, urinar em cada esquina, fazer comida num pequeno fogo, comer em pedaços de lata, descascar fruta, discutir acesamente, vender e querer vender, e o pedir “amiga”, Doce”), e se não o virmos como natural assusta, intimida, afasta, e não vale a pena.
Basta olhar de igual e de natural e os encontros fazem-se, e afinal entendemo-nos, e afinal pertencemos, e temos casa. E passamos nas ruas, e sentamos nos bancos de jardim, e descansamos no murinho junto ao porto de mar, e almoçamos nos sítios do povo, e andamos nos carros deles, e parámos no meio da rua e ficamos a conversar horas, e sentimos que fazemos falta, que eles fazem tanta falta, e rimo-nos com eles e choramos com eles, e chorarmos sozinhas. E este é um grande luxo do viajar.
Descobrir, nos sítios por onde andamos, mais uma casa. De cantos e recantos preciosos, com pessoas fantásticas, com momentos sagrados,… e apreciar as coisas boas, e reconhecer as menos e más, e preocuparmo-nos, e cuidarmos, e termos espaço. E a nossa casa poder ser assim, grande, enorme, infinito campo de descobertas, de crescimentos, de frustrações mais ou menos conscientes, de descansos, de cansaços.
S. Tomé
Estradas vergonhosamente esburacadas, empresas e rocas abandonadas, cidades descuidadas, meninos e graúdos viciados (branco dá), calor de abafar, mosquitos de irritar, gente diferente e igual. E tão pequeno S. Tomé. E o difícil de nos encontrarmos com tanto desencontro, e o fácil de nos perdermos com estes encontros.







Estradas vergonhosamente esburacadas, empresas e rocas abandonadas, cidades descuidadas, meninos e graúdos viciados (branco dá), calor de abafar, mosquitos de irritar, gente diferente e igual. E tão pequeno S. Tomé. E o difícil de nos encontrarmos com tanto desencontro, e o fácil de nos perdermos com estes encontros.



5 comentários:
atom cachopa, num dissessesses nada e já fossesses outra vez... cum carai...que bidinha de seca...sempre a viajar...havia de ser eu... adiberte-te
Consigo compreender a profundeza de cada uma das tuas palavras que me fazem chorar... e sorrir... E surge a nostalgia de uma vivência tão grandiosa e tão profunda, tão semelhante e, ao mesmo tempo, tão diferente da tua. Acompanho a tua história... S. Tomé está no centro do mundo e leva-nos ao centro do nosso mundo interno. É incrível perceber como a abertura é a chave para receber as dádivas dessa terra maravilhosa. E não falha, com ninguém. Repara que te escrevo isto no texto "Fotografias". Porque será? Beijos grandes preta boa.
ana rita!!! eu ate criei a minha milesima conta aqui no mundo dos blogues pa te dizer k estou M A R A B I L H A D A pah!!!! fotos e textos lindos!!! parabens miga. parabens tb por essa evoluçao do ser pela qual estas a passar!! eu é que tb tou mesmo a precisar de algo assim! beijo grande.
Rita amiga... que saudades .. chegas na sexta! Aí já podemos falar de todas as tuas experiências :) Tenho saudades tuas. Diz mas é ao certo a que horas chegas e quando nos vamos encontrar :)
Enviar um comentário